O Feijão



Origem

O feijão, cujo nome científico é Phaseolus vulgaris, está nos registros antigos da história da humanidade. Era cultivado no Egito e na Grécia, e cultuado como símbolo da vida. Em Roma, fazia parte das festas gastronômicas e era utilizado como pagamento de apostas.
A planta é nativa da América do Sul e da América Central. Trata-se de um vegetal rasteiro que dá frutos uma só vez. Produz vagens de até 15 cm de comprimento e dentro delas estão as sementes, os grãos usados na alimentação.

Consumo no Brasil

Por ano cada brasileiro consome 16 a 18 quilos de feijão, segundo a Pesquisa de Orçamento Familiar. Isso significa que cada cidadão ingere por mês pouco mais 1kg.
O Sul do País tem o menor consumo domiciliar per capita enquanto o Nordeste detém o maior consumo por habitante/ano. As preferências variam quanto a cor e o tipo.
O preto, é o mais popular no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, sul e leste do Paraná, Rio de Janeiro, sudeste de Minas Gerais e sul do Espírito Santo.
O carioca, no entanto, é o mais consumido e 53% da área cultivada é semeada com este grão.
O mulatinho, é mais aceito no Nordeste.

Qualidades

Consumido na quantidade certa, o feijão não eleva o peso. O excesso e as combinações, como frituras, farofas, batatas e carnes gordurosas é que são os vilões. O feijão é ótima fonte protéica, possui bom conteúdo de carboidratos, vitaminas, minerais, fibras e compostos com ação antioxidante. Pode, portanto, reduzir a incidência de doenças e evitar o envelhecimento precoce das células.

Combinação Perfeita

O feijão apresenta em torno de 25% de proteína, que é rica no aminoácido essencial lisina. Mas é pobre nos aminoácidos sulfurados.
A deficiência é suprida pelo consumo combinado de cereais, especialmente o arroz, a tradicional dieta brasileira.
Os aminoácidos são a estrutura da proteína. É como se fossem os tijolos (aminoácidos) de uma casa (proteína).
Enquanto a lisina é o único aminoácido não encontrado no arroz, é abundante no feijão. A metionina, abundante no arroz, é pobre no feijão.
Por isso combinam bem, não só no sabor, mas também no valor nutritivo. Juntos, são muito mais eficientes na reparação dos tecidos do organismo.
Tal interação positiva é rara de ver entre os vegetais. Geralmente são alimentos de origem animal, como as carnes, que apresentam esse perfil protéico.
A união também vale para manter a glicemia em níveis adequados e reduzir o risco de diabetes.

Prevenção de Doenças

O feijão tem pequenas quantidades de gordura, quase toda do tipo insaturada (que reduz o colesterol sangüineo). Possui ainda amido, fonte de energia, mas com baixo índice glicêmico (açúcares que demoram para serem absorvidos após a ingestão).
A grande quantidade de fibras presentes no grão auxilia na digestão, promove saciedade, melhora as funções do intestino e reduz a absorção de gorduras e colesterol dos alimentos ingeridos na mesma refeição.
O feijão também é fonte de vitaminas, especialmente do complexo B, que auxiliam na manutençao de atividades funcionais do sistema nervoso e contribuem com a utilização de energia.
Por ser normalmente preparado e cozido na sua forma seca, retém grande parte de seus nutrientes.

Indigesto

Não só o feijão carioca, mais outros feijões e leguminosas como ervilhas, lentilhas e soja, são causadoras de gases. Por serem ricas em amido (carboidratos não absorvíveis), as leguminosas tendem a fermentar no intestino.
Uma dica para reduzir esse efeito é deixar o feijão de molho por algumas horas (cerca de 4 horas). A água deve ser trocada por outra antes de cozinhá-lo bem. Amido mal cozido aumenta a produção de gases.



Publicado no Jornal do Commercio, em Recife,17 de fevereiro de 2008
Fontes: Nutricionista Vanessa Leal - especialista em segurança alimentar
Diana Mores, Embrapa, Sesc Santa Rita